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O retorno?

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Olá!

Apesar dos últimos posts datarem do fim de 2017, mantive este blog ativo de fato só nos anos de 2013 e 2014. Nessa época, estava passando por anos desafiadores, nos quais estava em casa ajudando nos cuidados do meu pai e meu passatempo era resolver questões de matemática, física e química em fóruns.

Com frequência as pessoas buscavam resoluções de provas que já estavam totalmente publicadas na internet, em sites de cursinhos e similares (Atualmente, com o youtube e as demais redes sociais acredito que essa divulgação seja maior ainda). Mas eu não encontrava a mesma disponibilidade de provas dos colégios militares. Por isso resolvi criar o blog com esse foco, pois era um material mais difícil de encontrar.

Em dez de 2014 me mudei para outra cidade para trabalhar e desde então me mudei de novo, casei e tenho uma filha de 2 anos. Nesse período retornei algumas vezes, postei duas provas, atualizei outras, respondi a alguns comentários, mas nunca voltei de fato.

Agora eu gostaria de voltar, mas não sei se devo.

A minha ideia com o blog sempre foi compartilhar conhecimento de forma gratuita, para ajudar quem não teve oportunidade ou facilidade de estudar matemática como eu. Vi essa chance de auxiliar através da resolução das provas dos colégios militares.

Eu entrei no CMRJ através de concurso, na UFRJ por concurso e obtive meu emprego através de concurso também. Porém, não concordo que concursos públicos, principalmente para crianças, sejam uma boa forma de seleção. Na realidade crianças não deveriam ser selecionadas para determinar quais terão acesso à uma educação de qualidade. Mas sei que é a realidade de instituições, como os colégios militares, que não tem vagas disponíveis a todos.

Passei para o CMRJ no 1 ano do ensino médio, mas tentei também aos 10/11 anos entrar no ensino fundamental, além de participar de seleções para os colégios de aplicação e Pedro II. Eu cresci em um lar de concurseiros, pois esse foi o caminho que meus pais trilharam para construir e ajudar suas famílias.

Achava natural fazer provas, sendo de concurso ou não. Gostava de resolver questões pelo desafio. Mesmo assim, aos 10 anos eu não me preocupava muito em passar ou em como isso poderia impactar no meu futuro. Não fiz cursinho e me lembro de uma apostila enorme que minha mãe comprou que tinha de tudo um pouco do conteúdo da prova. Eu raramente queria sentar e passar muito tempo estudando aquilo, queria sair para brincar. E a maioria das crianças é assim.

A responsabilidade da infância é brincar, elaborar habilidades sociais, emocionais e ainda que seja uma fase importante para desenvolver o raciocínio lógico e linguagem não é necessário que isso seja estimulado por meio da resolução de inúmeras questões de matemática e português a um nível em que a performance, ou seja, resolvê-las de forma impecável no menor tempo possível, seja mais relevante que o conhecimento adquirido.

Fazer várias questões em um determinado tempo, como nos concursos, tem mais a ver com treinamento do que com inteligência. Essas questões não avaliam o domínio de um determinado assunto. As várias “pegadinhas” armadas nas questões estão ali para provocar o erro da maioria, caso contrário, muitos acertariam as questões e o objetivo de separar poucos aprovados não seria atingido. É totalmente possível ser capaz de entender e aplicar conceitos matemáticos (ou de outras disciplinas) e ir mal em uma prova de concurso.

Talvez eu tenha me perdido na ideia desse post, mas a questão é que hoje eu questiono de que forma contribui para as pessoas o material que eu criei e divulguei aqui, principalmente o material voltado para o acesso ao 6 ano. Esse material é usado para só treinar crianças para fazer uma prova desproporcional para essa idade? Esse material atinge quem realmente gostaria de estudar ou auxiliar os filhos de forma equilibrada e não tem oportunidade? Quem deseja que os filhos estudem em colégios militares busca o que?

É notório que a maioria das crianças aprovadas não pertencem a uma realidade onde ingressar em um CM seria a sua grande chance de mudar de vida. Quase todas possuem estrutura financeira e familiar suficientes para serem pessoas felizes, capazes e produtivas. Então o que justifica submeter essas crianças a esse processo? A própria vontade delas seria a única justificativa aceitável para mim. Sei que existem crianças com esse desejo, perfil e habilidade, mas o meu material chega nelas? Elas precisam desse meu material? A quantidade de crianças que demanda espontaneamente por esse tipo e ritmo de estudo é muito pequena.

Eu pensava que se pais quisessem usar o material para treinar crianças, submetendo a uma rotina de estudos incompatível com a idade para passar em um concurso eu não teria controle sobre isso, pois eles fariam isso com as minhas provas resolvidas ou outras ferramentas. Eu tentava passar a matemática da forma mais didática e lúdica que eu conseguia e isso poderia criar o gosto pelo estudo como forma de adquirir conhecimento e capacidade de interpretar e resolver problemas. Crianças gostam de aprender e se sentem orgulhosas em vencer desafios por elas mesmas, mas eles devem compatíveis com a idade e com o objetivo de estimular a persistência, dedicação e não para gerar ansiedade.

Atualmente sinto que disponibilizar as provas pode contribuir com algo que eu não concordo e que não submeteria minha própria filha.

O material para o 1 ano também me gera um sentimento similar, porém adolescentes de 15 anos tem mais autonomia e era mais comum que eles mesmos buscassem o material e o desejo de ingressar em um CM era mais genuíno.

Talvez eu continue apenas com o material para o ensino médio, mas a maioria dos que buscavam o blog era mesmo para o 6 ano, normalmente os pais.

O blog tem sempre alguma visita e, se possível, gostaria que deixassem algum comentário sobre os questionamentos que eu levantei. Além de sugerir de que forma esse conteúdo poderia servir melhor a de vocês.

Agradeço desde já a quem contribuir com sua opinião e experiência.

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